Obra: Logotipo Versus Logomarca
Autores: André Stolarski, Bruno Porto, Guilherme Sebastiany, Luis Marcelo Mendes e Newton Cesar.
Editora: 2AB
Versão/Ano: 2012
“Se uma classe profissional não define e utiliza de forma correta o seu vocabulário, quem irá fazer isso por ela?” -Bruno Porto, página 14.
O livro trata-se de uma disputa comum no universo do design e nas suas mais diferentes esferas, a discussão sobre os temos Logotipo e Logomarca. Porém, como é de se esperar, o livro não põe um ponto na discussão e talvez nem pudesse com suas curtas 63 páginas. A obra é apresentada através de 5 textos de diferentes autores que, apesar de apresentarem opiniões contrárias, de certa forma, se complementam. A natureza dos textos se mostra crítica com relação ao tema. Destes textos, o que mais se propõe em pontuar um posicionamento direto é A criação do logotipo de Newton Cesar. De maneira geral, os textos se preocupam em mostrar que existe mais do que a simples discussão entre os termos. A dúvida na hora de falar Logotipo ou Logomarca pode revelar problemas ainda maiores como designers que não sabem o que vendem e clientes que não sabem o que compram, como citado no texto Deixa Isso Pra Lá:
“A indefinição de um termo consensual talvez seja o reflexo da falta de uma prática estabelecida entre designers e clientes.” -Luis Macelo Mendes, página 37.
Vale salientar, ainda, que em muitos momentos os textos apontam para a mutabilidade intrínseca inerente não apenas na língua, mas também no próprio campo do design, sendo este talvez o principal motivo para a falta de concordância mútua com relação aos termos.
Com relação às características gráficas do livro, a impressão e o papel do miolo favorecem a leitura e o entendimento das ilustrações, com uma textura tátil e espessa, também ajudando no manuseio. A capa e a quarta capa também contém vernizes notáveis na tipografia e em algumas ilustrações que, juntamente com a composição de texto, buscam de forma humorística fazer uma analogia às lutas de boxe. O livro peca na escolha da espessura da capa que, por ter gramatura elevada, pode atrapalhar ao passar um grande número de páginas.
Quanto a tipografia utilizada: duas no título, uma sem serifa mais robusta e outra manuscrita; nas informações de apoio são utilizados outros dois tipos diferentes, ambas serifadas.
O projeto gráfico da capa como um todo é harmônico quanto as cores, seguindo um padrão em escala cinza, porém apresenta alguns equívocos em relação ao tamanho dos tipos, que poderiam ser menores. Além da hierarquia de algumas informações, como o subtítulo, que normalmente se localiza abaixo do título, nesse caso a ordem foi invertida. Por outro lado, a contracapa traz uma ilustração pomposa, com traços de pop arte na cor vermelha e em papel brilhoso, ao contrário do resto do livro que é completamente monocromático.
O manuseio do livro em geral é bom. É leve, pequeno e tem uma encadernação proporcional ao número de páginas, o que se torna uma vantagem quando se tem apenas uma mão disponível.
O fólio é ainda recheado com mais ilustrações, sempre a cada início de um novo texto e algumas ilustrando o texto corrido, trazendo um maior dinamismo para a leitura e reforçando o conceito da contraposição de ideias, através de figuras de boxeadores, luvas de praticantes deste esporte e também alguns exemplos de marcas e logotipos que são citados.
A fonte usada no corpo do texto é um tipo serifado, com alta legibilidade e tem um tamanho apropriado. A única ressalva é que poderia conversar melhor com o conceito geral do projeto gráfico no que diz respeito ao caráter mais tradicional que o desenho do tipo carrega. As entrelinhas, parágrafos e quebras de texto proporcionam uma leitura simples e sem grandes obstáculos, as margens e espaços entre textos e imagens funcionam bem e favorecem o entendimento de ambos, exceto na página 57 onde há um problema na relação entre texto e fundo ilustrado, dificultando um pouco a leitura.